ACHATAR e CHATO
A origem da palavra “chato” tradicionalmente aceite, e que se pode encontrar na maioria dos dicionários, está ligada ao termo grego “platýs” (largo, amplo) e teria evoluído pelo latim vulgar “plattu-” (forma hipotética que tanto estaria na origem de “chato” como de “prato”). Tal como em muitos outros casos tem-se aceite erradamente que a sequência “pl” do latim teria evoluído para o som “ch” do português, situação que possivelmente só muito raramente ocorreu, e efectivamente o nosso verbo “achatar” corresponde à latinização da palavra fenícia “ØŠT” (algo como “ãechata”), que significa em fenício “lâmina, chapa, ser liso”.
O processo de criação de verbos em português a partir de palavras fenícias é mais comum que aquilo que parece à primeira vista, e ocorre em muitas outras situações tanto do português padrão (“acabar”, “andar”, “apagar”, “amarrar”, “amarrotar”, “acanhar”, etc.) como dos falares regionais (“acarear”, “achincalhar”, etc.). Estes exemplos mostram-nos claramente que a velha língua fenícia não ficou remetida para a marginalidade do regionalismo e do calão, mas antes que ocupa um papel ainda hoje muito importante na língua portuguesa. Foram evidentemente as línguas faladas pelos povos conquistados pelos romanos que, após a queda do império vieram a crias as diversas línguas latinas.
Resta dizer que a palavra “chato”, no sentido de “pessoa incómoda”, “aborrecida”, etc., também deve ter origem fenícia, mas no termo “S’T” (algo como “CHÂET”), que significa “desprezo, desdém”.